Clima
16/04/2025
Seis em cada dez nordestinos consideram que os eventos climáticos extremos registrados em 2024 foram mais severos do que o habitual. É o que revela a pesquisa A Visão do Nordeste Sobre Mudanças Climáticas, conduzida pelo Instituto Nexus de Pesquisa e Inteligência, divulgada nesta terça-feira (15). A percepção de agravamento climático se estende também ao futuro, com 53% dos entrevistados acreditando que as ocorrências climáticas extremas devem se intensificar ainda mais nos próximos cinco anos.
Conforme o levantamento, 57% dos moradores da região apontaram que o último ano foi “pior que o normal” em termos climáticos, sendo que 11% qualificaram a situação como “muito pior”. Apenas 12% perceberam alguma melhora nas condições climáticas e 25% disseram que tudo permaneceu igual a anos anteriores. Um total de 3% não souberam ou preferiram não responder.
Entre as alterações percebidas, o aumento da temperatura foi mencionado por 96% dos entrevistados, seguido pela redução das chuvas (90%) e pela intensificação das secas (83%). O dado sobe para 86% entre os moradores de cidades do interior com renda familiar de até um salário mínimo.
Apesar da percepção generalizada de mudanças no clima, apenas 27% dos nordestinos classificam a situação como uma “crise climática”. Para 49%, trata-se de um “grave problema”, mas que ainda não chega a configurar uma crise. Outros 10% veem o tema como um “problema menor”, e 9% afirmaram não identificar qualquer tipo de dificuldade.
Segundo Marcelo Tokarski, CEO do Instituto Nexus, os dados apontam uma preocupação crescente com os impactos do clima, especialmente entre os mais pobres. “A pesquisa mostra que os nordestinos estão preocupados com as mudanças climáticas e têm sentido os eventos extremos, como as altas temperaturas e as secas, com destaque para a população mais pobre e do interior. Os dados também revelam uma percepção mais crítica entre os brasileiros com maior escolaridade”, avaliou.
A meteorologista Morgana Almeida, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), reforça que o estudo reflete uma maior conscientização da população. “A pesquisa retrata que a população está mais atenta às questões do clima. E isso é muito importante, pois a condição de clima e tempo é fundamental para a vida de todos”, afirmou.
Ela destaca ainda que, embora 2024 não tenha sido o pior ano em todas as localidades do Nordeste, foi, em termos de temperatura, o mais quente já registrado no Brasil desde 1961. “As mudanças climáticas têm se evidenciado em todas as partes do globo e, a cada ano que passa, as temperaturas estão mais altas”, afirmou Morgana.
A pesquisa entrevistou 1.216 pessoas entre 12 e 17 de dezembro de 2024 nos nove estados nordestinos, com margem de erro de 3,5 pontos percentuais e 95% de confiança.
Levantamento similar realizado pelo Nexus na Região Norte em março mostra que a percepção de agravamento climático também é forte entre os nortistas. Lá, 72% consideram que 2024 teve eventos climáticos mais severos que anos anteriores. Para 91%, o ano passado foi mais quente que o normal, e 78% afirmaram que a seca foi mais intensa.
*Com informações de Agência Brasil
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